Guido de Brès e a Comunhão para os doentes

Os sacramentos foram designados por Deus para fortalecer nossa fé em Jesus Cristo. À medida que vivemos, experimentamos provações e dificuldades que às vezes desafiam nossa fé. Nesses momentos, podemos nos alegrar porque nosso Pai nos deu os sacramentos para nos nutrir e nos firmar nas promessas do evangelho. Historicamente, no entanto, as Igrejas Reformadas Canadenses retiveram o sacramento da ceia do Senhor daqueles que estão reclusos e incapazes de frequentar um culto público regular. Aqueles que mais podiam se beneficiar dele, não puderam. Até recentemente.

Decisões Recentes

Em 2006, a Igreja Reformada Canadense em Smithers trouxe uma abertura para um Conselho de Classes do Pacific West, solicitando que a ordem da Igreja fosse emendada para acomodar a administração da Ceia do Senhor àqueles que estão reclusos por causa de doenças ou velhice. As revisões sugeridas sustentavam que o sacramento seria administrado no contexto de um culto, por um ministro e todas as outras ordenanças na ordem da Igreja com relação à admissão ao sacramento seriam seguidas. O Conselho de Classes do Pacific West dos dias 10 e 11 de outubro de 2006 concordou em passar a proposta de Smithers para o próximo Sínodo Regional do West. O Sínodo Regional do West de 2006 considerou o assunto e concordou em encaminhá-lo ao Sínodo Geral de Smithers em 2007.

O Sínodo de 2007 decidiu que não era necessário revisar a ordem da Igreja para acomodar a administração da Ceia do Senhor aos reclusos. O Sínodo concordou e assumiu estas considerações do Sínodo Regional West de 2006:

1) Não é o número de participantes nem o local que constitui um “culto público”, mas a presença de portadores de cargos junto com os membros da congregação (“a forma da igreja”).

2) O atual reconhecimento da forma da igreja em múltiplos lugares pode, por extensão, ser aplicado a circunstâncias extraordinárias na congregação, no sentido de que o consistório poderia ter um culto de adoração para aqueles que não podem comparecer ao encontro normal. Em princípio, isso não difere de um consistório que convoca a congregação por duas vezes (por exemplo, quando o prédio é pequeno demais, necessitando de dois cultos consecutivos) ou convocando a congregação em dois locais (por exemplo, quando os membros moram muito longe).

3) Os consistórios são os responsáveis pelo cuidado pastoral dos membros. Se, no julgamento da reunião, um membro recluso exigir o encorajamento contido na Ceia do Senhor, o consistório deve fazer o que puder para proporcionar esse encorajamento.

4) Embora a administração da Ceia do Senhor pertença às igrejas em comum, ainda é discutível se é necessária ou não uma revisão de certos artigos da ordem da Igreja.

Essencialmente, então, o Sínodo de 2007 aceitou que a igreja de Smithers e outras igrejas Reformadas Canadenses fornecessem a Ceia do Senhor aos reclusos. Apesar de três recursos, o Sínodo de 2010 confirmou a decisão do Sínodo de 2007.

Uma Discussão Antiga

Esta questão já foi discutida em nossa história. Recentemente me deparei com ela em um debate que foi realizado entre Guido de Brès e um bispo católico romano. O autor da Confissão Belga estava preso em Valenciennes, aguardando a data de sua execução. Ele havia sido acusado de celebrar a Ceia do Senhor de maneira contrária à ordem do governo. Em 22 de maio de 1567, François Richardot veio se encontrar e debater com de Brès. Ele esperava fazê-lo mudar de ideia e também trazê-lo de volta para o rebanho do católico romano.

O debate centrava-se nas diferenças entre a Santa Ceia bíblica e a missa católica romana. Com meio caminho andado do tempo da sessão naquele dia, de Brès disse o seguinte:

Na medida que você diz que a missa é a Ceia do Senhor Jesus Cristo, eu realmente queria saber por que o padre a realiza de modo diferente daquele que Cristo fez e ordenou que fosse feito. Cristo estava sentado à mesa com seus discípulos. Ele pregou e admoestou com a Palavra de Deus. Ele não estava disfarçado em uma indumentária como um padre. Ele não falava em uma língua desconhecida. Ele tomou o pão e, depois de dar graças a Deus, o partiu e distribuiu aos seus discípulos. E também tomou o cálice, dizendo: “Bebei dele todos”. Ele não estava num altar, mas numa mesa. Ele não fez um sacrifício, mas comeu e ordenou comer.

A estratégia de de Brès nesse debate era constantemente ressaltar as diferenças entre o modo como a Ceia do Senhor era celebrada na Escritura e a forma como a missa era feita pela Igreja Católica Romana.

Em sua resposta, Richardot se agarrou ao que achava ser a fraqueza da posição de de Brès nas palavras citadas acima. De Brès havia apontado que era uma refeição comunitária, celebrada por Cristo e seus discípulos. O Bispo Richardot respondeu:

…Eu digo que a missa é algo maravilhosamente louvável, de modo que toda vez que é dito que a comunhão será realizada, eu a desejo ansiosamente. E se alguém pedir dela, não lhe deve ser recusado. Se deve haver um sacerdote que tenha a devoção para celebrá-la, deveria ele ser impedido desta bênção porque não há outros comungantes? Isso não seria de todo razoável. E certamente você está muito perto de ser condenado por crueldade e desumanidade. Perdoe-me por falar assim sobre você, por recusar o sacramento aos pobres enfermos, o que é algo totalmente repugnante à caridade fraternal e a maneira da igreja primitiva, que permitiu a participação dos doentes.

Para nossos propósitos, é a menção da comunhão para os doentes que chama nossa atenção. O bispo alegou que as igrejas reformadas proibiam dar a Ceia do Senhor àqueles que estão reclusos e que isso era cruel, desumano, falta de amor e sem ligação com a igreja primitiva.

Pouco tempo depois, de Brès voltou a este tópico e deu sua resposta ao bispo:

Quanto a você nos acusando de desumanidade por não dar o sacramento aos doentes, confesso que isso já foi feito algumas vezes. Mas se é lícito, baseado no que eu disse, não vejo uma boa razão. Não é um sacramento destinado a ser dado a apenas uma pessoa, pois é uma comunhão de muitos que deveriam recebê-lo juntos, e não apenas um. No entanto, eu não seria muito rigoroso se algum crente estando doente solicitasse o recebimento deste sacramento e se vários outros estivessem preparados para participar com aquele que faz o pedido, e se fosse o costume da igreja, não, digo eu, condenaria tal costume.

À primeira vista, essa resposta parece refletir alguma ambiguidade sobre o assunto.

Uma Posição Bem Ponderada

Por um lado, de Brès era um estudante minucioso dos pais da igreja primitiva. Seu extenso conhecimento é revelado não apenas em seus debates e outros escritos, mas também na Confissão Belga e em suas muitas alusões, citações e paráfrases da patrística. Quando diz: “Confesso que isso já foi feito algumas vezes”, ele está dando alguma deferência à igreja primitiva. No entanto, ele acrescenta rapidamente que é difícil racionalizar a legalidade dessa prática. Essa declaração deve ser entendida no contexto, no entanto, de um número de práticas aberrantes. Por exemplo, na igreja medieval havia a prática de reservar pão / hóstias consagradas para serem recebidas mais tarde pelos enfermos. Eles receberiam em particular, normalmente sem qualquer explicação ou qualquer acompanhamento da administração da Palavra (ver Institutas de João Calvino, 4.17.39).

De Brès insistiu que o sacramento, por sua própria natureza, não foi projetado para ser tomado por uma pessoa sozinha. É chamado de “comunhão” por um bom motivo. Uma comunhão de um só seria um oximoro.

No entanto, de Brès reconheceu o perigo de ser excessivamente rigoroso em relação àqueles que estão doentes e reclusos. A prática normal deveria ser a comunhão com todos os outros crentes em um culto público. Mas ele não excluiu a possibilidade de permitir que um crente levasse a Ceia do Senhor para fora daquele contexto, desde que isso fosse feito em um ambiente comunitário e com a aprovação da igreja. Ele não julgaria esse tipo de celebração cuidadosamente circunscrita para aqueles que estivessem reclusos.

O bispo deixou esta questão em particular neste momento do debate, assim nada mais foi dito. Se tivéssemos a oportunidade de perguntá-lo, sem dúvida, de Brès diria mais. O que exatamente ele diria tem que continuar sendo uma questão de especulação. Infelizmente, além da Confissão Belga, de Brès escreveu apenas dois livros principais e alguns outros textos e, até onde eu sei, esta questão não é abordada em nenhuma dessas obras.

O que está claro é que, sob condições cuidadosamente delineadas, o autor da Confissão Belga estava preparado para permitir que aqueles que estavam reclusos recebessem a comunhão. Naturalmente, Guido de Brès não tem a última palavra sobre este assunto. Ele era apenas um homem e os homens podem errar – veja sua própria declaração no artigo 7 da Confissão Belga: nada tem “o mesmo valor da verdade de Deus”. No entanto, o registro histórico demonstra que a posição tomada pelo Sínodo de 2007 cai dentro do leque de posições tomadas pelos nossos antepassados reformados sobre este assunto.


Tradução: Gabriel Reis.

Revisão: Tainá Alves.

Dez coisas que eu aprendi com a Escolástica Reformada (2)

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Na primeira parte, eu comecei a defender que a escolástica reformada, não deve ser posta de lado. Nos últimos anos, tem havido uma nova apreciação para este método e a teologia que ele produziu. Da última vez, eu mencionei cinco coisas que eu já havia aprendido pessoalmente com a escolástica reformada:

  1. Uma boa teologia começa com uma sã exegese;
  2. O seu conteúdo histórico;
  3. O seu conteúdo sistemático;
  4. Fazer boas perguntas;
  5. Utilizar definições precisas.

Hoje eu vou concluir com as últimas cinco coisas:

  1. Fazendo Distinções

A distinção entre diferentes doutrinas e seus elementos é um marcador chave da teologia fiel. A Escritura ensina-nos a distinguir.   Além disso, a Igreja Cristã reconheceu há muito tempo que aquele que iria ensinar bem precisaria também distinguir bem. A escolástica reformada destacou a ciência das distinções teológicas. Teólogos escolásticos reformados fizeram boas distinções nos níveis mais amplos. Por exemplo, Ursinus escreveu em seu comentário sobre o Catecismo de Heidelberg, “A doutrina da igreja consiste em duas partes: a Lei e o Evangelho; em que compreenderam a soma e a substância das Sagradas Escrituras”. Mas eles também fizeram distinções muito mais sintonizadas. Benedict Pictet, por exemplo, escreveu sobre as maneiras em que devemos pensar no amor de Deus. O amor de Deus pode ser distinguido no amor entre as pessoas da Trindade (ad intra), e depois o seu amor para com as criaturas (ad extra). No que diz respeito ao seu amor pelas suas criaturas, que é ainda mais distinto: 1) O amor de Deus universal para todas as coisas, 2) O amor de Deus para todos os seres humanos, tanto eleitos e réprobos, e 3) O amor especial de Deus para o seu povo.” (Mark Jones, Antinomianism, 83). Apoiado por ensino bíblico, tais distinções podem ser bastante úteis para uma teologia clara e bem definida.

  1. O valor da lógica e a análise rigorosa

Bons teólogos usam a lógica para avançar as reivindicações de verdade da Palavra de Deus. Nossas confissões reformadas fazem o mesmo. No entanto, encontramos esta ferramenta utilizada de forma mais eficaz por escolásticos reformados.  Um exemplo clássico é encontrado com o argumento de John Owen sobre a intenção da expiação de Cristo.   Usando um silogismo poderoso informado pela exegese bíblica, Owen fez um caso hermético por expiação definida, ou seja, a bíblica posição de que Cristo morreu somente pelos eleitos. Intimamente relacionado com o uso da lógica e a análise rigorosa. Escolásticos reformados entendiam como chegar em cada ângulo de um determinado tópico. Em seu Syntagma, Amandus Polanus ilustrou isso quando discutiu a doutrina da criação. Usando os dados bíblicos, ele discutiu o funcionamento eficiente, causas materiais e formais da criação, bem como a finalidade e os efeitos da criação. No final da discussão, você tem a impressão de que cada aspecto concebível foi coberto completamente.

  1. A necessidade de um engajamento polêmico

Como em nossos dias, Reformados escolásticos encontram desafios à fé. Os católicos romanos, os anabatistas, Socinianos, arminianos (Remonstrantes), e outros precisavam ser de certa maneira questionados. Não foi suficiente, simplesmente fazer declarações positivas de fé – erros também precisavam ser profundamente abordados. Portanto, na maioria dos trabalhos escolares ou escolásticos, você vai encontrar um engajamento polêmico em graus variados. Muitas obras deste período são dedicadas exclusivamente às polêmicas. Por exemplo, Samuel Maresius levantou a sua caneta contra Isaac La Peyrère e os seus argumentos pré-adamitas. Francis Turretin em Institutos de Elenctic Teologia escreveu que a ideia de que a teologia é melhor aprendida no contexto da polêmica – “Elenctic” no título é derivado da palavra grega que significa. “Reprovar ou corrigir”. Os Reformados escolásticos não tinham medo de não só defenderem a fé, mas também ir para a ofensiva. Muitos em nossa tenra idade podem aprender alguma coisa com eles!

  1. Espaço para a diversidade Teológica (Dentro dos Limites Confessionais)

Ninguém deveria ter a impressão de que a escolástica reformada foi um movimento monolítico. Sim, pode ser razoável argumentar que havia muitas doutrinas fundamentais em que houve um amplo consenso. Esse consenso foi definido principalmente pelas confissões reformadas. No entanto, dentro desses limites, pode-se certamente encontrar uma quantidade significativa de diversidade. Por exemplo, existe a questão de saber se cada crente tem um anjo da guarda. Esta questão não é abordada nas Três Formas de Unidade. A escolástica reformada, como em Gisbertus Voetius, seguiu o exemplo de João Calvino e outros em relação aos anjos da guarda que, na melhor das hipóteses, estavam incertos a respeito desse tema. No entanto, Voetius também mencionou que outros teólogos escolásticos reformados como Zanchius, Alsted e Chamier afirmaram a posição antiga em anjos da guarda. Podem coexistir ambas as visões entre os teólogos reformados? Por que não?

  1. Há um tempo e lugar para o uso da escolástica

Os melhores escolásticos reformados entendiam uma das distinções mais importantes: entre o púlpito e a tribuna, ou entre o livro escrito para a congregação mediana e o livro escrito para os estudantes de teologia ou colegas teólogos. Colocando mais tecnicamente, eles sabiam a diferença entre o popular e a vida acadêmica. Para ter certeza, não escolásticos e reformados entendiam ou empregavam esta distinção, mas cada um como achava melhor o empregou. Considere Gisbertus Voetius novamente. Ele foi um dos mais realizados dos escolásticos reformados. Seus escritos acadêmicos refletem seu grande aprendizado, sua amplitude de estudo e habilidades acadêmicas. No entanto, este mesmo Voetius escreveu um livro calorosamente pastoral intitulado Desertion Espiritual (Deserção Espiritual). Antes de servir como um professor de teologia, Voetius tinha sido um pastor e ele entendeu que havia um tempo e um lugar para o método escolástico. Nem o púlpito nem um livro escrito em holandês era o lugar certo para os membros comuns da igreja. Para comunicar de forma eficaz a nível da pessoa normal, enquanto ao mesmo tempo ser capaz de teologar com os melhores teólogos – isso é algo que os escolásticos mais reformados se esforçaram para alcançar. É algo de muita relevância para hoje também.

Tradução e adaptação: Eduardo Moro Dutra

Revisão: Joffre Swait

 

Dez coisas que eu aprendi com a Escolástica Reformada (1)

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Embora não com tanta frequência como anteriormente, ainda, por vezes, vemos a palavra “escolástica” usada como pejorativo – em outras palavras, como um termo desagradável. Se alguém é considerado “escolar”, em seguida, ele deve ser um dos bandidos na história da teologia. É semelhante à palavra “puritano” para algumas pessoas. É um insulto. Se alguém é “puritano” ou “puritana”, então eles devem ser, na melhor das hipóteses, suspeitos. É o mesmo com a palavra “escolástica” – uma palavra suja que lança instantaneamente uma nuvem escura.

Em um período no tempo, estes tipos de noções eram generalizadas. No entanto, nas últimas duas ou três décadas, houve uma mudança na discussão da forma escolástica. Isto é devido principalmente à influência de eruditos como Richard Muller, David Steinmetz, e Willem van Asselt. Devido as discussões, agora é amplamente reconhecido que a escolástica era um método de ensino na teologia – que não têm conteúdo em si. Havia escolásticos medievais, havia escolásticos católicos romanos, havia escolásticos luteranos, e havia escolásticos reformados. Cada um utilizava o método escolástico para ensinar a teologia que consideravam ser correta.

Eu cheguei a apreciar melhor este método de ensino através da minha pesquisa de doutorado sobre a Confissão Belga. A Escolástica medieval está no fundo da Confissão Belga, especialmente em sua estrutura (Cap 4: Para a causa do Filho de Deus). A escolástica protestante está ainda mais arraigada no fundo dos Cânones de Dort. Os Cânones por si não são de caráter escolástico – e pela sua forma – eles ainda carregam as marcas de homens que se beneficiaram do método. Não deve ser nenhuma surpresa. Muitos dos delegados ao Sínodo de Dort ou eram teólogos que utilizaram o método escolástico ou pastores que tinham sido escolasticamente treinados.

Eu também fui muito beneficiado por estudar este método. Enquanto eu acho que seria inadequado importar o método escolástico para o mundo de hoje, ainda é um bom negócio ser ensinado por ele, especialmente como foi implementado pelos teólogos reformados na era pós-Reforma. Deixe-me compartilhar dez coisas que eu aprendi através da escolástica reformada.

1. Uma boa Teologia começa com uma sã exegese

Reformados escolásticos são às vezes descartados como “tendenciosos à distorção do texto bíblico”. Ao longo de sua teologia até mesmo poderia funcionar, eles fazem referências a Escritura, mas nem sempre entram em discussões exegéticas nessas obras (há exceções). Mas isso não significa que a exegese estava completamente fora de cogitação – longe disso! Na verdade, antes de escrever obras de teologia, muitos teólogos escolásticos haviam produzido pela primeira vez comentários exegéticos.  Só no livro de Romanos, a Biblioteca Digital de Pós-Reforma indica 236 títulos. Nem todas elas são obras reformadas, mas muitas a são. O estudo bíblico intensivo foi a base para a teologia reformada ensinada à luz do método escolástico.

2. O seu conteúdo histórico

A nossa era é muitas vezes indiferente à história. Como um método nas mãos dos teólogos reformados, a escolástica trabalhou com os pensamentos e as conclusões daqueles que já se foram há muito tempo. Por exemplo, eu me virei para uma página aleatória, em um importante texto escolástico muitas vezes referido como A Leiden Sinopse. Aqui Antonius Thysius está discutindo o que significa ser criado à imagem de Deus. Ele se refere à visão de Tertuliano e outros que “o homem todo é propagado à partir de todo o homem”. Mais tarde, na mesma página, ele interage com outro pai da igreja, Orígenes. O fato de que eles eram tão intimamente familiarizados com estes pais da Igreja demonstra que as discussões estavam em um nível diferente de nosso tempo, como nos dias de hoje.

3. A importância da sistematização

Enquanto eles não eram os primeiros a entender isso, os reformados escolásticos sstentaram que a teologia bíblica é um sistema interconectado. Neste sistema, todas as partes se referem, de alguma forma para todas as outras partes. Além disso, foi claramente compreendido pela maioria desses teólogos que há uma “lógica” construída na teologia cristã. Portanto, quando você lê um texto como Amandus Polanus – Syntagma Theologiae Christianae, você pode esperar que ele vai começar com questões preliminares (prolegômenos), mover-se para a doutrina da Escritura, então a doutrina de Deus, lidar com a criação, pecado, redenção e assim por diante, até a doutrina das últimas coisas (escatologia). Este padrão tem sido continuado por muitos teólogos sistemáticos desde então.

4. Fazer boas perguntas

Se você quiser boas respostas, você tem que fazer boas perguntas. Teólogos escolásticos reformados eram habilidosos na formulação de questões que os levariam a obter respostas úteis. Esta foi uma parte essencial do método escolástico de treinamento. Questões seriam formuladas tanto em termos de uma tese ou de uma pergunta. Enquanto o Catecismo de Heidelberg não é um documento escolástico, o comentário de Zacharias Ursinus no catecismo o é certamente. Quando ele discute Pergunta 21 sobre a verdadeira fé, ele identifica seis questões chaves que ajudam a esclarecer esta doutrina:

  • O que é a fé?
  • De quantos tipos de fé que as Escrituras falam?
  • Em que a fé difere da esperança?
  • Quais são as causas eficientes da justificação pela fé?
  • Quais são os efeitos da fé?
  • A quem é dada?

Este método também foi empregado por Francis Turretin em seus Institutos de Elenctic Teologia -, bem como por muitos outros.

5. Utilizar definições precisas

Teólogos muitas vezes usam as mesmas palavras, mas com significados diferentes. Um teólogo católico romano vai usar a palavra “justificação”, mas ele quer dizer algo bem diferente do que o que significa para um teólogo reformado. Por isso, é sempre importante definir com precisão termos importantes. Voltando à justificação, podemos notar Petrus van Maastricht como um exemplo. Em seu teórico-Practica Theologia (6.6), primeiro ele dá uma visão exegética das passagens bíblicas relevantes (ver ponto 1) e, em seguida, move-se em uma discussão dogmática com base nisso. Como parte disso, ele fornece uma definição precisa de justificação: por causa da justiça de Cristo, Deus absolve crentes de todos os seus pecados e os declara justos para a vida eterna. Justificação, de acordo com van Maastricht, inclui imputação de nossos pecados a Cristo e a sua justiça a nós dada por Deus. Ele não assume a definição deste termo chave, mas o torna claro e prossegue nessa mesma base.

(continua…)

Tradução e adaptação: Eduardo Moro Dutra

Revisão: Joffre Swait

As marcas da verdadeira igreja (5)

Pope Francis

Parte 5 de uma palestra sobre artigo 29 da Confissão Belga para o Encontro da Fé Reformada (Recife) no dia 1 de novembro 2013.

Se você vai genuinamente identificar a igreja; vocês precisam saber com o quê o Artigo genuíno se parece: e nós temos essas três marcas que ajudam a fazer essa relação; e se você não as tem na memória, quero urgir com vocês para que assim o façam.  São só três e não é difícil de memorizar, mas percebam que existem falsificações. Existem aquelas que a Confissão Belga diz que elas clamam para si o status de igreja de Cristo. Fala a respeito da falsa igreja de Cristo.

No passado alguns, meio que simplificaram a abordagem da Confissão Belga que é colocada aqui. Alguns dizem que existem duas categorias: a igreja ou é falsa ou é verdadeira. Uma ou outra, se uma igreja específica não tem as três marcas; então, ela tem que ser uma igreja falsa. Então, a igreja pode ter a pregação pura do evangelho, ela poderia ter a administração fiel dos Sacramentos, mas se ela falhasse na área de administração de disciplina; então, eles afirmam: “Ah! Então, essa é uma igreja falsa!” E isso que eles dizem, mas não é isso que a Confissão Belga ensina.

A Confissão tem uma outra categoria aqui que é frequentemente esquecida. Nos dias de hoje, não é muito popular, aceitável, utilizar esse tipo de linguagem, mas nós iremos utilizá-la de qualquer maneira: as seitas.  As seitas são aqueles grupos que clamam para si o status de igreja cristã, mas existe a ausência de uma área ou outra na sua existência. Agora, no contexto histórico de Guido de Brès, a maioria das igrejas Anabatistas eram consideradas seitas. É exatamente assim que Guido de Brès as identifica no seu grande livro a respeito dos Anabatistas. Eles não eram a igreja verdadeira, mas eles não eram também as falsas igrejas. Agora, para ser claro, crentes genuínos, que são verdadeiramente bíblicos, eles não pertencem às seitas. O lugar deles é nas verdadeiras igrejas do Senhor Jesus Cristo, eles devem ser chamados para fora das seitas. E todos nós temos a responsabilidade de nos separarmos das seitas; mas a falsa igreja está numa categoria que é dela própria.

É no final do Artigo 29, na falsa igreja, onde está a ênfase. Como é a aparência de uma falsa igreja? Primeiro ela tira a Palavra de Deus do lugar de primazia, ela ou coloca a Palavra de Deus no mesmo nível da palavra humana, ou a coloca debaixo da autoridade ou debaixo do local onde está a palavra humana. A verdadeira igreja mantém a doutrina do Sola Scriptura, em princípio e também na sua prática.  Sola Scriptura, somente a Bíblia; somente a Bíblia é a nossa autoridade para nos ensinar o que nós cremos e como nós vivemos. A falsa igreja sempre faz um tipo de matemática, é sempre mais: A Bíblia mais alguma coisa, a igreja diz a Bíblia mais o que os homens dizem, ou então ela vai dizer: A Bíblia mais as decisões da igreja. A falsa igreja não se submete ao domínio, ao jugo de Cristo, nós ouvimos essa expressão “o julgo de Cristo” na última vez, lembra-se: vem lá de Mateus 11. Esse domínio de Cristo são, exatamente, as instruções e os ensinos,  se submeter ao julgo de Cristo é aprender Dele. Mas percebe que a falsa igreja não quer aprender de Cristo, ela não quer pregar puramente o evangelho de Cristo; ela mistura o evangelho com o trabalho dos homens, das obras, ela vai dizer: olha, você vai precisa de Cristo para a Salvação, mas somente Cristo não. Percebe que é matemática de novo? É Jesus mais obras humanas, e quando vamos para os Sacramentos; de novo, a falsa igreja irá adicionar ou retirar de acordo como ela quer. Ela adiciona quantos mais Sacramentos ela quiser, e mesmo para aqueles Sacramentos que foram instituídos pelo próprio Cristo, ela diz coisas que não tem nada a ver, que não estão ordenados, mas Escrituras. Por exemplo, a falsa igreja adiciona cuspi ou óleo na administração do Batismo; ou então, tira o Cálice da comunhão na participação dos crentes. A falsa igreja é uma instituição centralizada no homem, de ponta a ponta.

E finalmente, mais um elemento essencial na identificação da falsa igreja:  a perseguição de crentes fiéis, de crentes genuínos.  Nós percebemos como a igreja verdadeira administra a disciplina naqueles que se desviam do caminho. A igreja falsa pune aqueles que são piedosos, aqueles que querem viver de acordo com as Escrituras, e que fala até dos caminhos errados e escusos que a falsa igreja está vivendo. E era exatamente isso que estava acontecendo em Atos 4.  A antiga igreja judaica tinha se tornado uma falsa igreja. Eles estavam perseguindo Pedro e João por pregarem o evangelho de Cristo. Eles disseram para ele: “parem de pregar!” Eles disseram: “calem-se com relação a Jesus!”. É isso o que a falsa igreja faz, ela não tolera o evangelho, e ela faz tudo o que ela pode para subvertê-lo, e para destruí-lo. A falsa igreja não consegue tolerar, suportar o Cristo revelado nas Escrituras. E se eles vão ter algum Jesus, eles vão ter o Jesus que ela inventou. Um Jesus criado por ela mesma.

Nos dias de Guido de Brès, todos conseguiam identificar quem se enquadrava nessa figura. A Confissão, obviamente, está se referindo à Igreja Romana, mas a igreja Católica Romana não é claramente endereçada; e essa é uma coisa boa! É bom porque essa identidade de falsa igreja não está restrita ao Papa e àqueles que o seguem. Já aconteceu de ter outras igrejas falsas no percurso da história, e continua havendo ainda hoje falsas igrejas. E pode até não ser legal ficar identificando falsas igrejas; mas nós precisamos falar a verdade. Mas, percebam, eu não estou aqui para dar uma lista de quais são as falsas igrejas, também não vou dar uma lista aqui para vocês de quais são as seitas que existem. Se vocês aplicarem corretamente o que encontramos aqui na Confissão Belga, a falsa igreja será fácil o suficiente de você detectar. Agora, percebam que identificar as seitas será um pouquinho mais desafiador, com um pouco de pesquisa, um pouco de reflexão e com muita oração, você certamente, chegará às conclusões que você precisa chegar.

Então, geralmente, pegamos uma lista de igrejas que estão em nossa cidade e marcamos: essa aqui é verdadeira, essa aqui é falsa, e essas aqui são as seitas.  O nosso chamado não é para fazer essa listinha, mas para identificarmos a nossa igreja local. Nós precisamos identificar a saúde da nossa igreja local. Podemos, cada um de nós, aqui clamar o status de Igreja Verdadeira de Cristo?  As marcas podem até estar lá? E rogo por amor de cada um de nós que essas marcas genuinamente estejam lá, mas se nós formos honestos em nossa análise vamos encontrar muitas coisas que estão marcadas, manchadas com o pecado. A verdadeira igreja de Cristo também é uma coisa: humilde. Ela admite as suas fraquezas e com a graça de Deus ela resolve ser ainda mais fiel. Uma pessoa uma vez, afirmou que a verdadeira igreja de Cristo não é um destino final como se alguém estivesse numa jornada. É mais no que diz respeito a uma direção na qual nós, enquanto cristão, desejamos trilhar na direção de Cristo. Uma vez que nós chegamos e que pensamos que finalmente nós chegamos naquele destino, uma vez que nós chegamos e dissermos que somos uma igreja perfeita, se nós não estivermos nos céus, nós estamos com um grande problema. Irmãos e irmãs, sejamos humildes! Lute para ser uma igreja verdadeira em fidelidade ao Senhor Jesus Cristo!

Mas, em outros momentos das nossas vidas, existem situações onde nós precisamos realmente fazer um julgamento.  Nós precisamos fazer o julgamento de outros que clamam para si o status da igreja de Cristo. E na sua providência, Deus nos coloca na condição de julgamento. Nós não estamos procurando essa situação, quando falei anteriormente, uma questão de educação ou uma mudança de trabalho, faz com que você mude de um local para outro, ou então, não de um lugar para outro, mas até de um país para outro. Pode acontecer até nas férias que você tira. Talvez, apesar de tanto você ter direcionado e ensinado seu filho, sua filha, pode ser que ele comece a se relacionar com alguém de outra igreja que se diz Cristão. Então, nessas circunstâncias teremos que aplicar judicialmente as instruções que encontramos no Artigo 29 da Confissão Belga. Nós encontramos as três marcas? E se não encontramos as três marcas, nós estamos lidando com uma seita ou com a falsa igreja? De qualquer maneira, nessas situações específicas que citei aqui você precisa tomar uma decisão.  Não é toda a igreja que clama para si o título de Igreja de Cristo que verdadeira é igreja, e de fato e muitas são muito perigosas para a sua vida espiritual. Ou até para a saúde espiritual daqueles os quais você ama.

Aprender a discernir estas marcas é uma parte importante do nosso crescimento enquanto cristãos. Em muitas áreas das nossas vidas precisamos discernir verdade do erro, e percebem que Satanás é o Pai da mentira, a Bíblia descreve como um leão que ruge, procurando alguém para devorar! Ele quer devorar você e os seus filhos, ele quer nos encurralar e nos levar para longe de Cristo; Cristo que somente Ele é o caminho a verdade e a vida. E uma das formas que Satanás nos encurrala para distante de Cristo é em termos uma visão relaxada e não comprometida com relação à igreja. Amados, estejam atentos, aprendam a discernir aquilo que é verdadeiro. Especialmente, no que diz respeito à igreja de Cristo.   Amém.

As marcas da verdadeira igreja (1)

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Parte 1 de uma palestra sobre artigo 29 da Confissão Belga para o Encontro da Fé Reformada (Recife) no dia 1 de novembro 2013.

Você tem estado no médico recentemente? Se você tem visitado médicos recentemente, você pode está agradecido pelo bom treinamento que os médicos nessa Idade Moderna recebem.  De volta ao século XIX, essa realidade na questão médica era bem diferente. As escolas médicas eram mais motivadas por dinheiro do que por qualquer outra coisa.  Qualquer pessoa podia se tornar médico depois de estudar somente dois anos. E foi exatamente um relatório por uma fundação chamada Carnegie em 1910 que, transformou essa realidade. E esse relatório ajudou a modificar a realidade da saúde no Canadá, nos Estados Unidos e pelo mundo. E uma das recomendações cruciais desse relatório dizia respeito às Escola Médicas, e ao ordenamento das classes distintas de médicos.  Eles deveriam ter pelo menos quatro anos de treinamento para se tornar médicos. O primeiro ano deveria ser dedicado a um entendimento de: como é que um ser humano saudável pode ser reconhecido de dentro para fora, do interior para o exterior. E o segundo ano, deveria se especializar em questões referentes às doenças, patologias, no estudo das doenças, daquilo que é anormal na realidade do corpo humano saudável. E, aparentemente, as escolas médicas, de formação médica, continuam seguindo essas mesma estruturas até hoje. Primeiro, você aprende o que é ser normal e ser saudável, e aí é que você começa aprender sobre o que é anormal e sobre o que não é saudável, sobre o que é ser doente.

E no Artigo 29, a Confissão Belga aplica exatamente o mesmo procedimento. Nós estamos considerando o que é a Igreja de Cristo, e onde podemos encontrar a Igreja de Cristo. Então se a igreja é tão importante, tão necessária, torna-se então crucial que nós entendamos quais são os critérios para que nós possamos encontrá-la. É muito importante que nós tenhamos ferramentas para detectar o que é que a igreja de Cristo verdadeiramente é, e o que é que ela não é. Então, resumindo o ensino bíblico, a Confissão Belga nos dá essas ferramentas para fazer essa identificação. Então, nós vamos aprender como identificar a coisa real, a Igreja real, e também como identificar a igreja verdadeira pelo que é falso, então nós vamos,aprender a discernir, a identificar o que é a igreja.

Mas eu quero me livrar de uma coisa específica logo no início. Tem alguns que dizem, “Há, a Confissão Belga foi escrita muito tempo atrás!” E eles realmente tem razão.  Ela foi escrita há muito tempo atrás, ela foi escrita em 1561; mas o argumento é de que naquele tempo as coisas eram muito diferentes, eram muito distintas. E ai o argumento é: “No tempo lá do Guido DeBrés, que compôs o texto, as coisas eram muito simples, você só tinha a Igreja reformada, e só tinha a Igreja Católica Romana. E era muito fácil identificar qual era a diferença entre as duas, entre a Reformada e a Católica Romana.  Você tinha,então, a Igreja verdadeira e a Igreja falsa; então, fica muito fácil e ninguém consegue confundir as duas. Era simplesmente preto e branco, mas, então, o argumento continua dizendo, “Isso foi a 450 atrás, e as pessoas levam o argumento a diante dizendo, “hoje as coisas são bem diferentes, hoje nós temos tantas igrejas ao nosso redor, e ai não é tão fácil como naquele tempo de discernir qual é a igreja falsa ou verdadeira”. E eles concluem dizendo que o artigo 29 da Confissão Belga não é tão útil para nós, hoje, na nossa Idade Moderna.

Tem um pouco de verdade nessa afirmação. Mas, de fato esse tipo de ideia, de argumento é uma super simplificação exagerada. Deixa eu falar um pouco para vocês sobre a realidade histórica: Guido de Brés e também os reformadores estavam circundados ali, não somente, pelos romanistas mas também por muitas outras igrejas distintas. Por exemplo, na Holanda haviam igrejas Luteranas nos dias em que a Confissão Belga foi escrita. É verdade que não tinham muitas, mas elas estavam lá. Guido de Brés tentou realmente se unir a essa igrejas. E também tinham os anabatistas, e é importante lembrar que os anabatistas não eram um grupo unidos.  Não tinha uma única igreja anabatista, não é o tipo da situação que você vai para uma cidade encontrar a Igreja anabatista da cidade tal. Eventualmente, os Menonitas se tornaram o grupo mais evidente dentro do anabatismo. Mas, nos dias da Confissão, haviam dezenas de grupos diferentes dentro do movimento anabatista. Guido de Brés escreveu um livro enorme a respeito dos anabatistas, é muito mais de novecentas páginas, o livro.  E, naquele livro, Guido de Brés reconhecia já que havia uma grande diversidade no meio dos anabatistas. E ele cita diversas, ele mesmo reconheceu então naquele texto que havia grande diversidade entre os anabatistas. Alguns deles eram equivalente aos pentecostais modernos, outros grupos eram equivalentes aos Batistas de hoje. Muitos, também tinham pouquíssimo respeito à palavra de Deus, outros consideravam de verdade as Escrituras como verdade infalível. Em alguns grupos anabatistas você ainda conseguia escutar a pregação genuína do evangelho, mas entre outros você iria escutar, na maior parte das vezes, legalismo, moralismo, era essa a pregação, ou talvez bons conselhos. Muitos chegavam ao ponto de negar à doutrina da Trindade, eram classicamente reconhecidos como hereges, já outros eram comparativamente ortodoxos no que diz respeito a diversos pontos no que diz respeito à doutrina cristã. E o meu ponto é simplesmente esse, que ninguém pode afirmar que, no contexto histórico daquele tempo, o cenário era preto e branco como este, era somente Igreja Reformada e Roma, não era dessa maneira! É como eu já disse tem um pouco de verdade aqui, e essa verdade é que hoje existe um número ainda maior de igrejas se declarando como igrejas de Cristo. Mas negar que existia qualquer tipo de diversidade no século XVI é simplesmente equivocado, errado. Então, nós podemos concluir, creio que vocês vão concordar comigo que o Artigo 29 da Confissão Belga não perdeu a sua utilidade, ela fala para nós, e vem de um contexto e ela continua a falar para nós o nosso contexto atual onde o mesmo tipo de diversidade continua a existir. Entretanto, hoje, essa diversidade existe num grau muito maior. Então, certamente, essa pode ser e continua sendo a confissão de diversas Igrejas Reformadas ainda, hoje, no século XXI.

Continua…